terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Prevenção

1. O que é Prevenção?

* Ato ou efeito de prevenir;
* Disposição ou preparo antecipado;
* Trabalha com valores, sentido da vida e com o projeto existencial de cada ser humano.

2. Concepção Educativa de Prevenção:

* Não se pode confundir educação com informação, o mais importante é a atenção aos aspectos biopsicosociais do indivíduo, seus sentimentos, suas aspirações, expectativas, alternativas de prazer, sempre tendo em vista as suas necessidades de busca de identidade, auto-afirmação e auto-estima.

3. Considerações sobre a Droga:

* A droga faz parte de nossa realidade social;
* É necessário estarmos bem informados;
* O uso da droga é tão antigo quanto a humanidade;
* Em nossa sociedade o uso de drogas é algo comum ("beber socialmente", "utilizar medicamentos sem prescrição médica", etc.)



Claude Olievenstein:
"Os adultos tomam tranqüilizantes para suportar sua inserção social. Os adolescentes tomam alucinógenos para recusar passivamente essa mesma inserção".





4. Segundo a OMS, estaria mais sujeita a usar drogas a pessoa que:

* Desconhece os efeitos das drogas, ou possui informações equivocadas a respeito das mesmas;
* Possui saúde deficiente, e que por isso apresenta insatisfação com a qualidade da própria vida;
* Com personalidade fragilizada e pouco integrada, tenha facilidade na obtenção da droga.

5. Para que uma sociedade obtenha um consumo reduzido de drogas, a humanidade deve progredir em três aspectos:

a) Espiritual:
* Consciência ética;
* Compreensão da finalidade da vida;
* Esforço individual para a reforma íntima e a evolução espiritual.

b) Educacional:
* Crença no poder e no alcance da educação.
* Educar para formar e não apenas informar.

c) Político-Social:
* Mudanças nas políticas públicas para a melhoria na qualidade de vida (moradia, saúde, educação, atividades esportivas, culturais e artísticas, etc.).

6. Três Níveis de Prevenção:

a) Prevenção Primária:
* O objetivo é evitar a ocorrência do problema-alvo, isto é, diminuir a incidência. Previne o uso da droga antes que ele inicie (antes do primeiro contato com o produto).

b) Prevenção Secundária:
* Ocorre quando já começa a surgir o consumo das drogas. A instituição deve se abrir ao diálogo, marcar reuniões periódicas para que todos os assuntos sejam discutidos e esperar o momento próprio de chamar a família, com o consentimento do usuário.

c) Prevenção Terciária:
* Já existe a dependência de drogas, implica incentivar os usuários a procurar uma terapia adequada, incentivar o diálogo com a família, acreditar na recuperação, colaborar na reintegração social.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

O Coordenador de Comunidades Terapêuticas

* O Coordenador de uma Comunidade Terapêutica deverá ter no mínimo 5 (cinco anos) de sobriedade, e vivência do Processo Terapêutico na CT; ter Curso de Capacitação para tal função; não estar respondendo a nenhum processo jurídico; se casado bom marido e pai exemplar; se solteiro um comportamento que não o comprometa nem a instituição que porventura esteja representando como funcionário.

* Seu comportamento deverá ser o mesmo dentro ou fora da instituição. Isto quer dizer que os residentes de uma CT deverão espelhar-se nele para alcançarem a tão sonhada sobriedade.

* Um atributo que deverá ter o coordenador de CT, é de ser persuasivo e estrategista. Articulado, bom orador (falar e se expressar com facilidade), ser capaz de estimular, entusiasmar e persuadir com sua forma de expressão. A linguagem é a sua melhor ferramenta.

* Deverá ser capaz de manter conversas sociais (pequenos bate- papos) com qualquer pessoa e nunca lhe faltarem palavras. Estar atualizado em todos os sentidos. Ser empático, capaz de reconhecer e compreender o ponto de vista e preocupações dos outros, “ver” a situação através da ótica de outras pessoas, ter entendimento intuitivo de seus semelhantes. Possuir habilidade (aptidão) para motivar, estimular, persuadir e “vender” (a mensagem do Programa de Recuperação).

* Deverá obter resultados trabalhando com e através das pessoas – um trabalhador de equipe, um formador de equipes. Deverá ser extrovertido, misturar-se bem, relacionar-se com pessoas novas com facilidade, efetivo com grupos e pessoas... companhia agradável, falar muito bem em público. Delegar autoridade, ativamente interessado no desenvolvimento de pessoas e da organização.Um comunicador e “vendedor” de intangíveis... vender o que não existe (vender os benefícios e não o produto)... emocionalmente estimular e motivar as pessoas, ser bom político, sem ser hipócrita. Pessoas com este comportamento não costumam serem pegas de surpresa por atos/fatos, agem proativamente.

* Deverá ter Orientação Altruísta, ou seja, ser uma pessoa que tenha a convicção de que o mais importante seja “promover o valor que os outros tem”. Assim, motivadas pelo desejo de contribuir em tudo o que for possível para a realização pessoal dos demais, será possível descobrir o que há de melhor neles.
Particularmente quando a Extroversão é o fator mais alto, aliado a Agilidade na combinação, deverá tornar-se muito fluente, falar rápido – com volume. Seu estilo de expressão deverá ser animado, entusiasta e otimista. Convencer e motivar.
Deverá ter ênfase na iniciativa, ser auto- iniciador, ter impulso competitivo para conseguir que as coisas sejam feitas. Ter resposta rápida... Assumir riscos, ter senso de urgência, ser ambicioso por resultados. Ter impulso e ação para resultados, e também impaciente com rotinas e atrasos.O estimulo da agilidade deverá enfatizar suas qualidades como seguidor de regras, consciencioso, completo, preciso, particularmente preocupado com a precisão dos detalhes e com a “regra”. Deve ser uma pessoa que se preocupa. Não dever delegar detalhes facilmente e ser forte no acompanhamento dos mesmos. Rígido sobre pontualidade, correção, etc.

* Deverá ser impaciente por resultados, e também ser um auto-iniciador, bom companheiro de equipe, aquele que une não o que separa; e ainda ter bastante auto-confiança para tomar decisões sob pressão. Suas decisões deverão ser, consistentemente tomadas, de acordo com as políticas estabelecidas pela empresa, e dentro de seu limite de autoridade e responsabilidade já definidos. Sob este aspecto, e em geral, ser completamente precavido e deverá consultar seus superiores antes de tomar decisões ou atitudes em situações não-familiares, para as quais não exista nenhum direcionamento prévio através de políticas da empresa.

* Deverá sentir-se bem e seguro com grupos ou quando faz novos contatos, deverá ser gregário, extrovertido, e estar sempre vendendo num senso comum, possuir uma particular habilidade para treinar e desenvolver o melhor nas pessoas, e sentir-se orgulhoso em contribuir, para o sucesso do negócio. Deverá delegar autoridade e detalhes, e cuidadosamente os acompanhará de perto. Deverá pressionar os outros por resultados, usando seu lado persuasivo de uma maneira amiga e solícita. Não confundir maneira amiga, persuasiva e solícita, com “manipulação”. E ainda, aprender e reagir rapidamente... Trabalhar num rítmo muito mais rápido do que a média. Lidar com detalhes rapidamente e com exatidão,
Principalmente, aplicar o Regulamento da Comunidade Terapêutica, cumprindo à risca todos os artigos e parágrafos, sem privilegiar ou fazer acepção de pessoas.

Comentário sobre a Espiritualidade na CT.

Analisando estes escritos de Pe. Haroldo, deduzimos que a Espiritualidade na Comunidade Terapêutica, deverá estar centrada nos Doze Passos dos Alcoólicos e Narcóticos Anônimos pela espiritualidade que em si trazem.
Percebe-se uma grande influencia da Espiritualidade Inaciana na redação dos Doze Passos. Talvez seja porque Pe. Ed. Dowling, S.J. tenha colaborado diretamente na elaboração dos mesmos fundamentando-se nos EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS DE STº IGNÁCIO DE LOYOLA.

Jim Harbaugh. S.J., na contra-capa de seu livro OS 12 PASSSOS E OS EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS, assim escreve: “Muitas pessoas em recuperação descobrem que o caminho espiritual que iniciaram com os 12 Passos leva a outros caminhos, às vezes surpreendentes, e pode até mesmo levá-las a querer explorar o caminho que Ignácio encontrou quase quinhentos anos atrás. Da mesma forma, pessoas que fizeram os Exercícios Espirituais podem, subseqüentemente, achar que precisam dos 12 Passos”.

Harbaugh, diz que o método de seu livro será de começar com o texto mais antigo, os Exercícios, e traduzi-lo pouco a pouco para a linguagem dos 12 Passos. Como acontece com qualquer tradução, isso pode levar mesmo alguém que conheça a versão mais antiga a uma nova apreciação do texto. E os recém-chegados à recuperação podem vir a perceber que essa sabedoria muito antiga é tão relevante para eles e para suas lutas como na época em que foi concebida. Este é o ponto: Com os 12 Passos, o AA se conectou a um filão de sabedoria espiritual existente há milênios. Os Exercícios Espirituais são um veio nesse filão. E nós podemos e devemos explorá-lo.

Se buscamos o DESPERTAR ESPIRITUAL, através da Espiritualidade Inaciana, devemos nos lembrar que numa Comunidade Terapêutica, interagimos também com a natureza, os mundos animal, vegetal e mineral.. Pois como laborterapia, temos as atividades de horticultura, cuidado com os animais, mexemos com fogo, terra, ar, água, etc. Desta forma também devemos cultivar a espiritualidade de São Francisco de Assis, que além de Padroeiro dos Alcoólicos Anônimos, é também considerado o Santo da Ecologia.

Se observarmos com atenção veremos que tanto Ignácio de Loyola, Francisco de Assis, Bill e Bob tiveram algo em comum. Todos eram mundanos. Todos chegaram a um Fundo-de-Poço pessoal. Francisco não consegue ser um valente cavaleiro durante as Cruzadas e abre mão de sua condição de um próspero comerciante em Assis; Ignácio também é ferido durante uma batalha e passou por um longo período de reabilitação, onde tendo um DESPERTAR ESPIRITUAL, renuncia a sua vontade que era de fazer carreira militar e também torna-se um servo de Deus; Bill arrasado financeiramente pela quebra da Bolsa de Valores, com poucas qualificações para emprego entra num ciclo de bebida e internações hospitalares. Foi durante uma destas internações que o mesmo teve uma experiência mística e também deixa-se converter a um novo estilo de vida, que futuramente influencia o Dr. Bob a também mudar de comportamento.Todos passaram por momentos difíceis que os trouxeram à Luz, pela Conversão. Isto é todos tiveram um Fundo-de-Poço, ou melhor tiveram um Fundo-de-Posso. Todos atenderam de uma forma um tanto sofrida, ao chamado de Deus para a sua missão. Tomaram a decisão de entregar suas vontades e suas vidas nas mãos de Deus, na forma em que O concebiam, conforme o Terceiro Passo do AA.

Fiel aos ensinamentos de Pe. Haroldo, conhecendo os Exercícios Espirituais de Stº Ignácio, seguidor do estilo de vida de São Francisco, e também a exemplo de Bill de Bob, um dependente químico concluo que este deve ser o Processo de Conscientização e Formação na Comunidade Terapêutica.


Sérgio Vianna
Coordenador Técnico de CT'S
FEBRACT-DC3/98-CAMPSP

Grupo Operativo

"Não é um termo utilizável para se referir a uma técnica específica de coordenação de grupos nem de um tipo determinado de grupo, em função de um objetivo, como poderia ser grupo terapêutico, grupo de aprendizagem ou grupo de discussão, mas se refere a uma forma de pensar e operar em grupo, que pode se aplicar à coordenação de diversos tipos de grupos".
(1957 – Enrique Pichón Revière)

Existem, portanto, grupos operativos terapêuticos, familiares, de aprendizagem, de reflexão, entre outros.

* Conjunto de pessoas com um objetivo comum o qual tentam abordar, operando como Equipe. Supõe a necessidade de que os membros do grupo realizem um trabalho ou tarefa comum a fim de alcançarem seus objetivos. Tal tarefa se constitui, portanto, em um organizador dos processos de pensamento, comunicação e ação que se dão em e entre os membros do grupo. Ainda que seja de forma casual todo o grupo se reúne para “fazer” algo; cada membro coopera em alguma atividade de acordo com suas capacidades individuais, esta cooperação é voluntária.

* Instrumento de trabalho, método de investigação, que cumpre além disso, uma função terapêutica. Em qualquer de seus múltiplos campos de aplicação, aponta como objetivo identificar os obstáculos que a tarefa oferece ao grupo, portanto o grupo deve estar centrado na tarefa específica que se propõe realizar.

* Deve ser:
DINÂMICO – REFLEXIVO – DEMOCRÁTICO

O Grupo Operativo é definido como um conjunto restrito de pessoas, ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, articuladas pela mútua representação interna, cujo objetivo final é a execução de uma tarefa, seja de forma explícita ou implícita".

Grupo Terapêutico

1) Objetivo:
Elaboração de dificuldades pessoais relacionadas com o presente do indivíduo, visando a ajudá-lo a melhorar sua vida de relações. A experiência mostra a importância de se reunir dependentes químicos em grupos homogêneos, ou seja, só de dependentes químicos.

2) Tamanho do Grupo:
De 4 até 20 elementos, considerando-se que o tamanho do grupo dependerá de seus objetivos. Um grupo que tenha como objetivo a manutenção da abstinência pode ser maior, mas quando se propõe a manter a abstinência e melhor adaptar seus membros o número limita-se ao máximo de 10 recuperandos.

3) Técnica:
A técnica que parece ser usada pela maioria dos especialistas em dependência química é a terapia suportiva, onde o mais importante é o contínuo confronto entre o que o indivíduo diz estar vivendo e o que o grupo percebe ser a realidade.

4) Contrato Terapêutico:
Quando o grupo é formado por internos de uma CT, o contrato entre estes e o terapeuta poderá ser verbal, ficando definido horários, local das sessões, objetivo do tratamento através da psicoterapia de grupo, prazo para tratamento, nenhum segredo com os membros do grupo, sigilo com pessoas estranhas ao grupo.

5) Alta:
A prática indica que não se deve dar alta com menos de 9 meses de internação na CT e abstinência, período este em que o indivíduo deverá estar readaptado ao ambiente familiar e social, bem como em boas condições de saúde física e mental.

O Processo Terapêutico na Comunidade Terapêutica

A dependência química é uma doença que atinge as pessoas indiscriminadamente de tal forma que, uma vez instalada, provoca a desestruturação da pessoa em todas as áreas do ser: física, mental, espiritual, social, familiar e profissional.
É nesse estado que está a pessoa que busca tratamento.

O tratamento tem por objetivo:
"Parar a doença e Recuperar o indivíduo".

Esses objetivos estão intimamente relacionados e se completam entre si, o que quer dizer que um não ocorre sem o outro e vice-versa. Para que haja a recuperação da pessoa é preciso não usar drogas, mas só será possível sustentar a abstinência se houver uma genuína e efetiva recuperação pessoal. Assim, o processo terapêutico é toda atitude, ação ou circunstância que propicie essa reestruturação. (Ex: casa em reforma)
Portanto, o processo terapêutico se dá em todas as relações, atividades e ambiente proporcionados pela comunidade terapêutica e não só no “setting terapêutico” que é o atendimento individual ou grupal com um objetivo terapêutico específico e dirigido ou coordenado por um técnico ou pessoa preparada.
Na verdade, tudo dentro da comunidade terapêutica deve contribuir para que o dependente alcance uma forma alternativa de reorganização pessoal (no sentido mais amplo do termo) com novos padrões de comportamento e pensamento, ou seja, um novo estilo de vida.
O processo terapêutico permite ajudar a pessoa a reconhecer esses comportamentos a fim de viabilizar a mudança. Por isso é importante a criação de algumas condições básicas para que o processo possa ter lugar.

1) Auto-Responsabilidade
Todo o tratamento deve ser centrado na auto-responsabilidade, o que quer dizer que enquanto a pessoa estiver em tratamento depende única e exclusivamente dela aprender. Nenhum membro da equipe ou membro do grupo pode fazer a pessoa aprender aquilo que não quer. Somente ela pode decidir se vai participar ativamente do tratamento e permitir que o processo terapêutico se dê.

2) Comunicação Direta:
Em função da doença, a comunicação do dependente torna-se pobre ou distorcida. Daí a importância de se desenvolver a prática der falar diretamente ao outro. Isso não só significa pedir diretamente o que se quer, mas também falar para a pessoa na sala de reunião ou em outra situação. Para isso, é importante aprender a olhar para a pessoa quando estiver falando com ela e usar sempre os pronomes “EU” e “VOCÊ” ao invés de “Ele” ou “Ela”.
Ex: é inadequado quando se está falando de alguém que está no grupo dizer “ele fez isso” ou “ela disse aquilo”.

3) Ouvir Atentamente:
Significa estar atento para tudo que a pessoa diz. 80% de uma mensagem é dita em palavras. Portanto, é importante ficar atento para o tom de voz da pessoa, sua expressão facial, pausas e postura corporal, pois “O Corpo Fala”.

4) Amor Sincero:
É definido como se preocupar com uma pessoa a ponto de dizer a ela exatamente o que você vê e sente, ao invés de dizer a ela exatamente o que você vê e sente, ao invés de dizer o que a pessoa gostaria de ouvir. Cada membro da CT precisa ter em mente que é vítima de uma doença que eventualmente o matará, se ele não mudar. Portanto, deve se preocupar o suficiente com os demais para praticar o amor sincero é essencial para penetrar nos escudos emocionais de defesa criados pela doença.

5) Arriscar-se:
Significa tentar a sorte com algo novo, experimentar novas formas de agir. Fazer algo novo, algo que nunca se tentou antes é sempre arriscado, mas muitas vezes pode ser a única forma de aprender. A pessoa tem que tentar alguma coisa nova para poder crescer interiormente e emocionalmente. Arriscar-se pode ser amedrontador e, por vezes, doloroso. Entretanto, todo crescimento causa alguma forma de dor. Porém, crescer enquanto pessoa é absolutamente fundamental à recuperação.

6) Feed-Back:
Significa compartilhar nossas impressões de alguém no grupo, ou seja, é a impressão que “eu tenho de você” neste momento. O feed-back é uma forma de testar a realidade uma vez que permite que cada um vivencie de que forma suas ações afetam os outros. Por isso é importante não só desejar proporcionar feed-back, mas também receber feed-back de forma que possa crescer também.

7) Confidencialidade:
Significa que o que é dito no grupo, permanece no grupo. É óbvio que as pessoas só irão falar de assuntos de sua intimidade se se sentirem seguras e protegidas. Uma forma de sentir-se seguro e protegido é tendo certeza de que qualquer coisa compartilhada no grupo não será mencionada ou comentada fora do grupo (Mesmo entre pessoas que estavam no grupo, pois pode afetar o feedback).

Tais condições funcionam como uma espécie de exoesqueleto que propiciam o processo terapêutico. (Ex. suporte externo em cirurgias ortopédicas). Quando o dependente chega para iniciar o tratamento, ocorre uma “parada forçada” das drogas, ou seja, o ambiente provoca a abstinência. Isso é absolutamente necessário para que a pessoa recupere condições físicas e mentais mínimas a fim de iniciar o trabalho de conscientização da pessoa.

Conhecendo uma Comunidade Terapêutica

O programa terapêutico-educativo, a ser desenvolvido no período de tratamento, da Comunidade Terapêutica tem como objetivo ajudar o dependente químico a se tornar uma pessoa livre através da mudança de seu estilo de vida. A proposta da CT deve considerar que o dependente químico pode desenvolver-se nas diversas dimensões de um ser humano integral.

A CT é uma ajuda eficaz para quem tem necessidade de liberar as próprias energias vitais para poder ser um HOMEM em seu sentido pleno, adultos e autônomos, capaz de realizar um projeto de vida construtivo, de aprender a estar bem consigo mesmo e com os outros sem a “ajuda” de substâncias psicoativas.
Podemos utilizar a definição de CT de Maxwell Jones:
“grupo de pessoas que se unem com o objetivo comum e que possuem uma forte motivação para provocar mudanças”.

Este objetivo comum na maioria das vezes surge em um momento de crise onde o indivíduo apresenta uma desestruturação na sua vida em todas as áreas: física, mental, social, espiritual, familiar e profissional. É nesse momento que as pessoas diminuem as defesas, resistências e demonstram maior disponibilidade e abertura a mudanças porque não tem mais nada a perder. O objetivo da CT é:
“Parar a doença (que é incurável) e recuperar o indivíduo. Resgatar a auto-estima do dependente e cuidar de sua reinserção social”.

O papel da Equipe Transdisciplinar é ajudar o indivíduo a desenvolver seu potencial.
Para que a equipe seja eficaz é muito importante acreditar, independentemente de qualquer comportamento que o residente tenha tido, que ele pode MUDAR. Se não houver esta credibilidade, porque alguns residentes estão mais comprometidos e com maiores dificuldades para mudar, existe o risco de “abandono” desses residentes. Se a equipe acreditar que TODOS podem mudar dedicará a atenção que cada um precisa para que a mudança ocorra.

Outro aspecto importante a ser ressaltado a respeito da equipe é a transdisciplinaridedade. Antes de serem os profissionais da CT, são participantes e devem saber respeitar as regras desta para que as relações aconteçam em um ambiente familiar, "pois em uma família as pessoas se relacionam enquanto pessoas, não enquanto cargos, profissões". Este conceito interliga todos os setores e as responsabilidades são transferíveis.Por exemplo: o psicólogo pode assumir a responsabilidade do enfermeiro em uma situação de primeiros socorros, assim como orientar o residente responsável pelo setor de limpeza como deve ser feita a faxina geral da CT.

Nenhum elemento da equipe fica restrito, limitado ao seu cargo, pois em termos de funções existe um leque de responsabilidades. É evidente que esta transdisciplinariedade deve estar clara para todos da equipe para que não aconteçam “melindres” ou ingerências nas funções específicas de cada cargo como, por exemplo: o atendimento psicológico que é responsabilidade unicamente do psicólogo.

O ambiente da CT deve possibilitar a aprendizagem social oferecendo a oportunidade de interagir, escutar, aprender, projetar, envolver-se e crescer de maneira que normalmente, reflita a capacidade e o potencial individual e coletivo das pessoas que dele fazem parte. O comportamento começa a mudar através da auto-iniciativa do residente. Como ele vem de uma vivência de subcultura (valores não aceitos pela sociedade) devemos solicitar que ele exercite o AGIR COMO SE FOSSE honesto, pontual, solidário, etc. (valores aceitáveis pela sociedade) para que possa internalizá-los e vivenciá-los através da mudança do estilo de vida. A dinâmica deste processo depende, em parte, da organização social da CT e, em parte, da motivação das pessoas envolvidas. Os residentes são apoiados e atendidos pela equipe transdisciplinar: Existe uma divisão de trabalho e sobrevivência da CT. O enfoque deve ser sobre o processo e, se este é correto, teremos grandes chances de ter um resultado positivo como conseqüência.

O programa para ser eficaz deve ser aberto tanto internamente, entre os membros que fazem parte do ambiente social, quanto externamente com os devidos cuidados e respeito às regras fundamentais (as fronteiras da CT devem ser protegidas, mas as informações devem entrar e sair).
É claro que, como diz Harold Bridges, uma organização social aberta é: ... mais exposta às transformações, e justamente por isso, mais vulnerável. O processo é positivo, mas apresenta riscos, pois existem pessoas que querem alcançar resultados sema ter experiência para tal”.

Na CT devemos considerar tudo o que possibilita a criação de um ambiente terapêutico e educativo (já que a CT é um grupo de auto-ajuda permanente onde os componentes interagem a todo o momento): o número de residentes, suas experiências, idade, classe sócio-econômica e cultural, organização e regras, valores, divisão do trabalho e respectivas funções, administração da autoridade, instrumentos terapêuticos, estímulos educativos, o número e qualificação da equipe transdisciplinar.

As regras fundamentais são:
* Não ao uso de substâncias psicoativas;
* Não a violência;
* Não ao sexo.

Sobre a regra de renunciar, temporariamente, às relações sexuais é importante ressaltar que a sexualidade é uma energia de comunicação e a interrupção das relações sexuais estimula o residente a comunicar-se de outras maneiras tendo uma nova forma de aprendizado social. Permite também desenvolver aquela parte da afetividade que, até agora, permaneceu escondida e foi negada devido aos preconceitos em função de experiências pessoais.
Além dessas três regras fundamentais, são feitas duas solicitações, temporárias, para poder criarmos os pressupostos do trabalho pessoal e social sem jamais desrespeitarmos o direito fundamental à saúde e a liberdade de sair da CT no momento que a pessoa assim desejar:
* Renunciar totalmente a liberdade de movimentar-se e sair da CT sem, antes, falar com o grupo e a equipe transdisciplinar;
* Respeitar o contrato de auto-ajuda participando sempre de todas as atividades da CT.

O indivíduo em um grupo ou em uma CT que se recusa a colaborar prejudica o bem-estar do grupo. O indivíduo não deve ser prejudicado em função do grupo ou vice-versa, pois é importante que ele aprenda a entrar em uma relação equilibrada.
As regras devem ser definidas, tanto morais quanto éticas, e elaboradas de acordo com as necessidades da CT. Podem ser discutidas e alteradas, se necessários for, a partir de um consenso entre residentes e equipe transdisciplinar. É importante compreender que as regras existem para serem respeitadas e que sua transgressão leva a conseqüências que devem ser assumidas.

A equipe transdisciplinar deve garantir a todo residente o conhecimento e compreensão das regras para poder exigir o cumprimento das mesma. Existem cinco áreas para que alguém funcione em um determinado nível de equilíbrio.
São elas: família, pares, trabalho/escola, lei (regras sociais) e espiritualidade.
O desequilíbrio em uma dessas áreas pode desencadear em uma pessoa algumas relações disfuncionais. Levando isto em consideração devemos ter presente que um residente, muito provavelmente apresenta desequilíbrio em quase todas essas áreas o que faz com que ele se relacione de maneira completamente disfuncional consigo mesmo e com os outros.Para ajudá-lo devemos criar na CT um ambiente aonde ele possa se “exercitar” (como em uma academia de ginástica aonde exercitamos todo o corpo) e ter a compreensão necessária de que a droga é, apenas, um sintoma de algo mais profundo que precisa ser trabalhado e que, com certeza, está ligado a estas cinco áreas.

O processo de recuperação está diretamente inter-relacionado ao trabalho a ser desenvolvido nas cinco áreas, pois não podemos trabalhar as questões: família, espiritual, trabalho e desconsiderar as áreas da lei e dos pares e assim sucessivamente.
No ambiente da “ativa” aonde viviam anteriormente não existiam condições adequadas para serem pessoas com dignidade (como podiam viver corretamente morando embaixo da ponte, roubando, se prostituindo, etc.).
Na CT devemos oferecer aos residentes confidencialidade e um ambiente saudável, aonde exista seguranças física, psicológicas e sociais, considerando que não é a estrutura física que dá valores e sim pessoas (residentes e equipe que dela fazem parte).

A funcionalidade dentro da CT (micro-sociedade) deve ser muito similar à sociedade de origem para que o indivíduo possa experienciar situações para poder, depois, viver na sociedade. O programa terapêutico-educativo deve ser subdividido hierarquicamente de acordo com a maturidade do residente. Cada pessoa tem um papel na sociedade por isso, assim que o indivíduo é aceito como residente na CT, passa a ter um papel em sua estrutura, uma identidade e começa a se familiarizar com hierarquia, autoridade, responsabilidade, pontualidade, etc.
Através da interação individual e do grupo consegue-se grande compreensão da problemática do indivíduo, mas considera-se que a aprendizagem através da experiência (errando, acertando e experimentando as conseqüências) corresponde à influência mais eficaz para se atingir uma mudança duradoura (aprendizagem social).
Além das inúmeras possibilidades de aprendizagem social, a estrutura da CT deve ter uma certa mobilidade para oferecer e estimular a iniciativa do residente objetivando seu crescimento.

A conduta, o comportamento é sempre algo objetivo, observável aonde encontramos os progressos realizados pelo dependente. Na conduta encontramos os frutos e é aonde se concretizam os sucessos e as dificuldades do trabalho pessoal do residente nas áreas cognitivas, afetiva e espiritual.
A solicitação gradativa de mudanças na CT ajuda o residente a se responsabilizar pelo seu próprio processo de crescimento e participar ativamente no processo dos outros residentes e da administração do processo terapêutico-educativo da CT.

Comunidades Terapêuticas no Brasil

Como resposta às necessidades das pessoas que caem nas armadilhas da dependência química e, ao clamor dos familiares por socorro, multiplicaram-se pelo Brasil os ambulatórios, as casas de acolhida e principalmente as Comunidades Terapêuticas.
As Fazendas do Senhor Jesus, as Fazendas Esperança, o Lar São Francisco na Providência de Deus, os Lares Dom Bosco, as Casas Esperança e Vida, etc.
Essas comunidades terapêuticas procuram manter um forte compromisso ético com os seus assistidos, um programa coerente de recuperação e privilegiam a espiritualidade e o progresso científico em seus trabalhos. Essas instituições contam com inúmeras famílias, que acolhem e acompanham aqueles que necessitam de tal apoio.
As Fazendas da Esperança, as Fazendas do Senhor Jesus, que mantêm escolas profissionalizantes e, principalmente, o conjunto de obras ligadas ao Lar São Francisco na Providência de Deus montaram verdadeiras indústrias, nas quais os dependentes aprendem alguma ocupação sadia, um ofício, além de canalizarem energias, trabalharem, assumirem responsabilidades e saborearem os frutos do que fazem.
Falar de Comunidade Terapêutica no Brasil, sem falar de “PE HAROLDO JOSEPH RAHM”, é “como ver a dança sem ver o bailarino, ou ver o bailarino sem ver a dança...” Poderia ir lembrando, aqui, cronologicamente, de alguns pontos significativos da vida deste jesuíta. Não obstante prefiro convidá-lo a se apresentar.
Mara Silvia.


Com a palavra:

“PADRE HAROLDO”.

“Muitos amigos têm-nos pedido para escrever uma pequena história sobre o nosso apostolado... Completarei, em 2009, 89 anos de uma bela juventude muito prolongada e perdi todo o meu orgulho e humanidade. Por quê? Recebi tantos elogios por coisas que não fiz muito bem, e tanta crítica por assuntos que sei ter feito muito bem, que aprendi a viver apenas com alegria e amor com nosso Deus Vivo e Amável”.
Agora estou no pôr-do-sol da vida. A aurora e o calor do fia foram ótimos. Vale a pena viver em sobriedade! Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, doçura, domínio de si “(Gl 5,22)”.
A Divina Majestade tem-me santificado desde o meu nascimento em Tyler, Texas, em 1919. Porém, sempre coloquei obstáculos ao seu amor...
Meu bom pai era médico e alcoolista. Minha mãe, maravilhosa. Era fazendeira! Geraram cinco filhos e depois se divorciaram por causa do álcool.
Meu pai era um médico competente, amigo dos outros. Foi um pai fantástico, mas o álcool o matou. Todavia, por meio de sua dedicação e generosidade, ensinou-me a praticar o amor para com meus amigos e inimigos.
Um dia, Jesus usou um crucifixo pregado em um caminhão para me tocar profundamente. Abandonei então a idéia de seguir os passos de meu pai, na medicina, e decidi ser sacerdote jesuíta.
Em 1950, quando fui ordenado sacerdote, este sonho tornou-se realidade.
Tendo dedicado meu apostolado à Virgem Maria de Guadalupe, trabalhei por 12 anos na Favela Chamizal. Com Tola Irrobaldi, fundei o “Our Lady’s Youth Center”, um settlement house, cujo alvo era a juventude. Logo escrevi o meu primeiro livro: Office in the Alley. Depois deste, publiquei Mother of Américas, editado no Brasil com o título Mãe das Américas.
Em 1964, cheguei a Campinas, no Estado de São Paulo, para trabalhar em obras sociais e, com Clarice Pires Vieira, dirigi a Comunidade São Pedro. Foi quando a Dra. Ana Maria Affonso Ferreira obteve, junto à Prefeitura, o uso de um prédio municipal recém-construído no Bairro de São Bernardo, onde instalamos o Centro Social Presidente Kennedy.
Ajudei Monsenhor Antonio Mariano Camargo, a seu convite, na direção do 4º Cursilho de Cristandade. Meu português era atrapalhado, mas por outro lado eu já tinha experiência nesse programa, pois em 1963 havia viajado até Alpine, Texas, para fazer o 1º Cursilho, que um padre dominicano ministrou sozinho. Ficara tão impressionado que, voltando para El Paso, convidei meus amigos e, sozinho também, dei todas as palestras do 2º Cursilho. Deu certo! Depois de ser diretor espiritual em vários cursilhos no Brasil, notei que meus amigos do bairro São Bernardo, em Campinas, não podiam fazer o Cursilho porque não podiam faltar ao trabalho na sexta-feira.
Em 1967, com Antonio Orlando e seus amigos começamos o Treinamento de Liderança Cristã (TLC), que imediatamente expandiu-se por todo o território brasileiro. Foi um novo tipo de Cursilho. Para ajudar o movimento, escrevi o livro: “Treinamento de Liderança Cristã”. Comecei a ler mais profundamente a Bíblia e, com Maria Lamego e Divino Frade, fundamos o apostolado intitulado “Experiências de Oração no Espírito Santo”, com encontros nos fins de semana. Pe. Jonas Abib e Pe. Eduardo Doughert, SJ. Transformaram nossas experiências de oração no Espírito Santo e iniciaram a “Renovação Carismática Católica”. Conheci então Drª Núbia Maciel França e instituímos dois novos movimentos: “Relaxamento Psicossomático e Autoconhecimento” e “Sádhana, Um Caminho Para Deus”. A Drª Núbia escreveu o livro “Relaxe e Viva Feliz” e traduziu do inglês o livro “Sádhana” do Pe. Anthony de Mello, SJ. Simultaneamente a estes movimentos, trabalhei em dois projetos com várias equipes de pessoas fantásticas. Num primeiro momento, dormia na sacristia da Igreja São Paulo, que fica na zona de prostituição, até chegarem as Irmãs do Bom Pastor para assumir essa tão importante missão. Mais tarde, pedi a um amigo, o Dr. Cláudio Novaes, que me desse uma chácara para o meu trabalho com farmacodependentes. Sua resposta foi: “Encontre o que o senhor quiser e eu compro”. Encontrei o que queria e ele comprou a propriedade. O valor na época foi de U$ 100.000 (cem mil dólares) americanos. Comecei então mais seriamente a minha vida de trabalho com dependentes químicos de ambos os sexos. Logo incluímos meninos(as)s de rua nos programas. A chácara recebeu o nome de “Fazenda do Senhor Jesus” e é mãe e modelo para todas as outras “fazendas”, isto é, chácaras, do Brasil.
Com Dr. Paulo de Mont’Serrat ganhamos verba da Organização das Nações Unidas – ONU, para fundar um Centro de Orientação e Treinamento a fim de por meio de instruções e uma boa metodologia, ajudar diretores, coordenadores e equipes de comunidades terapêuticas.
Fundamos também a FEBRACT (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas). A casa-grande que usamos na Fazenda Vila Brandina foi reformada pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (FEAC).
Em 1968, o Dr. Darcy Paz de Pádua obteve da FEAC a permissão de uso desta mesma casa para o nosso apostolado até o ano de 1992, quando ele e o Dr. Antonio Carvalhaes ganharam 21.000 metros quadrados para nós, na mesma Fazenda Vila Brandina, para a continuação de nosso trabalho.
É bom e extremamente necessário formar e educar a juventude. Porém, se os pais não tiverem também, as mesmas instruções e formação, não teremos bons resultados. Daí a importância do “AMOR-EXIGENTE”, movimento de prevenção, recuperação e ressoscialização atuando no submundo dos drogados. Srª. Mara Silvia Carvalho de Menezes e sua equipe, dinamizando este movimento, expandiram-no por todas as partes do Brasil.
Srª. Mara Silvia escreveu dois livros: “O Que é o Amor-Exigente” e “Amor-Exigente para Professores”. Srª Beatriz Ferreira, que dirige o movimento na capital do Estado de São Paulo, publicou “Só Por Hoje, Amor-Exigente”, Neube José Brigagão escreveu “Mostrar Caminhos”.
Escrevo esta história, em primeiro lugar porque, como já disse, muitos de nossos amigos querem saber como foi o início de nosso apostolado. Em segundo, para dar graças à Divina Majestade por sua inspiração no Espírito. E, em terceiro lugar, para mostrar a necessidade do casamento das idéias de dois livros: “Os Doze Passos Para Os Cristãos” e “O Que É Amor-Exigente”. É preciso que os Doze Passos de: AA, NA e NATA e os Doze Princípios de Amor-Exigente andem juntos, de mãos dadas, porque os Doze Passos são o despertar espiritual, ou conversão. Com efeito, assim como o corpo, sem respiração, é morto, assim também a fé, sem obras, é morta. (Tg 2,26).Duas idéias básicas:
* A Espiritualidade de Trabalho: Somos tão santos no trabalho quanto no culto dominical;
* O Trabalho não deve ser só Espiritual, mas também Produtivo. O homem deve dominar a terra (Gn 1,28) e tem de amar e manter sua família e cuidar de todas as suas responsabilidades (Ef 5, 21-33).
Uma noite, em 1948 enquanto meditava e folheava a Bíblia, encontrei em Efésios 5,18-20 o seguinte texto: “Não vos embriagueis com vinho, ele conduz à perdição, mas sede repletos do Espírito. Entoai juntos salmos, hinos, cânticos inspirados; cantai e celebrai o Senhor em todo o vosso coração. Em todo o tempo e a propósito de tudo rendei graças a Deus e Pai, em nome do Nosso Senhor Jesus Cristo”. Esse texto e a Boa Nova de “Jesus Cristo, Filho de Deus” (Mc 1,1) têm sido o leme e a base da minha vida.
Dou cursos e prego para milhares de pessoas de todas as crenças espirituais. Recentemente encontrei a Bíblia para todas elas, as Bíblia Ecumênicas, traduzidas dos originais por peritos do judaísmo, protestantismo e catolicismo. Posso usar a Bíblia em qualquer grupo, incluindo espíritas e orientais. Fico tão feliz de ter o Livro Inspirado para pregar e usar em qualquer lugar sem ter problema com ninguém! Faço isso também em dois programas de televisão: “AMOR-EXIGENTE” e “RELAXE E VIVA FELIZ”, na Rede Vida de Televisão – O Canal da Família. Peço à Divina Majestade que nos ajude a superar com alegria os obstáculos a suas inspirações e que sejamos apóstolos verdadeiros!

Reze por mim! Rezo por você!

Pe. Haroldo Joseph Rahm, SJ.


Orações Favoritas

Toma, Senhor, e recebe
Toda a minha liberdade,
A minha memória,
O meu entendimento
E toda a minha vontade.
Tudo o que tenho e possuo, Tu mo deste;
A ti, Senhor, o restituo.
Todas essas coisas são tuas!
Faze delas o que quiseres!
Dá-me somente o teu amor e a tua graça.
E isto basta.
Stº Ignácio de Loyola.


Nada te perturbe
Nada te espante
Tudo passa
Só Deus não muda
A paciência tudo alcança
A quem possui Deus, nada falta.
Só Deus basta.

Stª. Thereza


Pe. Haroldo escreveu ainda o livro: “O Caminho da Sobriedade”, d’onde foi extraído este texto autobiográfico. Em maio de 1978, Pe. Haroldo fundou a APOT - Associação Promocional Oração e Trabalho e, deu início a uma das primeiras Comunidades Terapêuticas para tratamento de dependentes químicos de nosso país, a “Fazenda do Senhor Jesus”. De lá pra cá, sua obra cresceu num processo contínuo e extraordinário. Fazenda do Senhor Jesus, Centro de Atendimento, Orientação e Triagem, trabalho com famílias e jovens em grupos de apoio na linha do Amor-Exigente com núcleos por todo o território nacional.
Nestes últimos anos, quando a maioria dos homens de sua idade começam a encostar o corpo e usufruir os resultados de uma vida de luta e trabalhos, Pe. Haroldo se propõe um enorme desafio: decide dedicar seus últimos anos aos mais carentes dos brasileiros: nossas crianças e adolescentes de rua, usuários de drogas sem vínculos familiares.

Comunidades Terapêuticas

O movimento das comunidades terapêuticas tem início em 18 de setembro de 1958, quando “Chuck Dederich” e um pequeno grupo de alcoolistas em recuperação decidiram viver juntos, para além de ficar em abstinência, buscar um estilo alternativo de vida.
Fundaram em Santa Mônica na Califórnia, a primeira Comunidade Terapêutica (CT) que se chamou “SYNANON”, que adotou um sistema de relacionamento direcionado em uma atmosfera quase carismática, o que para o grupo foi muito terapêutico.
A aplicação do conceito de ajuda à pessoa em dificuldades, feita pelos próprios pares, é a base das relações vividas na Synanon, posteriormente “DAYTOP”, onde cada pessoa se interessa e se sente responsável pelas outras.
Desde o início acolheram alguns jovens que estavam tentando ficar em abstinência de outras drogas e em decorrência disto a Comunidade Terapêutica que teve seu início com uma CT somente para alcoolistas abriu suas portas para jovens que usavam outras substâncias psicoativas.
Esse tipo de alternativa terapêutica se consolidou e deu origem a outras Comunidades Terapêuticas que, conservando os conceitos básicos, aperfeiçoaram o modelo proposto pela Synanon.
A Comunidade Terapêutica “DAYTOP VILLAGE”, é o exemplo mais significativo deste tipo de abordagem.
Foi fundada em 1963 pelo “Monsenhor Willian B’Obrien e David Deitch”, um alcoolista em recuperação da Syananon, tornando-se um programa terapêutico muito articulado.
Com a multiplicação das iniciativas deste tipo de abordagem terapêutica na América do Norte, a experiência atravessou o Oceano Atlântico e deu início a programas terapêuticos no norte da Europa, principalmente na Inglaterra, Holanda, Bélgica, Suécia e Alemanha.
Em 1979 a experiência chegou à Itália onde se fundou uma Escola de Formação para educadores de Comunidades Terapêuticas e os educadores que passaram pela formação deram um novo impulso na Espanha, América Latina, Ásia e África.

No campo psiquiátrico acontecia uma outra revolução: a experiência de Comunidade Terapêutica Democrática para distúrbios mentais.
O psiquiatra escocês “Maxwell Jones”, trabalhando durante o período da II Guerra Mundial no Hospital Maudsley em Londres e, sucessivamente nos de Henderson e Dingleton, de 1945 a 1969, transformou o trabalho tradicional e como terapia, utilizava a psicoterapia individual e de grupo, "eliminando ao máximo o uso de medicação" e envolvendo os pacientes nas atividades propostas.
Este modelo foi adotado na Noruega e Suécia em comunidades para dependentes químicos, mas, com poucos resultados porque o dependente precisava, inicialmente, de uma abordagem mais direcionada o que não era utilizado na Comunidade Terapêutica Democrática.

Nar-Anon

História do Nar-Anon

Os dias pioneiros dos Grupos Familiares Nar-Anon são tão antigos quanto Narcóticos Anônimos. Mulheres, amigos e parentes de adictos em recuperação compreenderam que também precisavam de ajuda para resolver seus problemas pessoais. Decidiram se dedicar a um programa de Grupo Familiar.
A primeira reunião de Nar-Anon ocorreu na cidade de Studio, Califórnia, na mesma hora e local da única reunião de N.A. Iniciou-se com membros do Al-Anon e eventuais mulheres e cônjuges de membros de N.A.
Este grupo foi iniciado por Alma B. e mais tarde transferiu-se para Hollywood, Los Angeles. Esses grupos não foram bem sucedidos.
Em 1968 o grupo Península de Palos Verdes foi iniciado por dois membros, Louise e Margaret que compreenderam que este grupo deveria crescer e que o Nar-Anon deveria continuar.
Com a ajuda de um outro membro, Agnes, elas viajaram muitos quilômetros, abrindo grupos e levando a mensagem.
Deveria ser suficientemente organizado para manter-se simples.
Solicitou-se aos grupos que enviassem contribuições para cobrir as despesas com a instalação e a manutenção do Núcleo de Informação. Este Centro de Informação funcionava na casa de um dos membros.
Em 1971, contratou-se um advogado para legalizar o Núcleo de Informação.
Por unanimidade, concordou-se que o nome fosse “Nar-Anon Family Group Headqurters, Inc”.
Recebeu-se pedidos de informação de todos os estados.
Em 1982, foram financeiramente capazes de mudar para um escritório, pois havia uma real necessidade de um Serviço Mundial em função de todos os pedidos de informação que chegavam dos Estados Unidos e de países estrangeiros.


O Programa Nar-Anon

Os Doze Passos do Nar-Anon semelhantes aos do Al-Anon e são apenas sugeridos como um meio de proporcionar uma estrutura, na qual os grupos e indivíduos possam achar um terreno comum para nele construírem os alicerces para uma recuperação.
Como cada pessoa busca sua própria compreensão do “bom”, isto revela um modo de vida para todos, a despeito das suas várias crenças ou descrença.


Grupos Familiares

O Grupo Familiar Nar-Anon é essencialmente para você que tem ou já teve um sentimento de desespero relacionado ao problema de dependência química (adicção) de alguém muito próximo a você. Nós também já trilhamos este caminho de infelicidade e encontramos a resposta na serenidade e na paz de espírito.
Quando você chega a um Grupo Familiar você não está sozinho, mas entre companheiros com igual dificuldade que compreendem o seu problema, como poucas pessoas podem fazê-lo.
Respeitamos a sua confiança e o seu anonimato. Esperamos poder lhe dar a certeza de que nenhuma situação é tão difícil e nenhuma infelicidade tão grande, que não possa ser superada.
Nosso programa é a prática dos DOZE PASSOS E DOZE TRADIÇÕES DO NAR-ANON.
O programa não é religioso, mas sim uma forma espiritual de viver.
Com a aceitação de que a adicção é uma doença, e admitindo que somos impotentes diante dela, bem como sobre a vida de outras pessoas, estaremos prontos para fazer alguma coisa de útil e construtivo com nossa própria vida.


Sobre Adicção

Aprendemos no Nar-Anon que a adicção é uma doença – NÃO UMA QUESTÃO MORAL. Sob este aspecto ela é similar a diabetes. Somente com a completa abstinência do uso de drogas em quaisquer das suas formas, é que a doença pode ser controlada. Da mesma maneira que não podemos impedir a tosse de uma pessoa, também não podemos impedir o uso de drogas de um adicto. Ninguém, nem mesmo o médico, o clérigo ou a família pode fazer isso por alguém.
Descobrimos que o uso compulsivo de drogas não indica falta de afeto pela família. Não é uma questão de amor, mas de doença. O adicto perdeu o controle sobre a droga. Mesmo sabendo o que acontece, quando toma o primeiro gole, pílula ou teço, ele o fará. Esta é a “insanidade” da qual falamos em relação a esta doença.
Quando compreendemos e aceitamos que a adicção é uma doença, e que somos impotentes perante ela, estaremos prontos para aprender uma maneira melhor de viver.
Por isso entendemos que a recuperação é possível, desde que, inicialmente, o adicto admita que ele tem, um sério problema e necessita de ajuda.


A Família

A adicção é uma doença que atinge a família. Ela afeta o relacionamento dos que estão próximos ao adicto (dependente químico). Pais, cônjuges, velhos amigos, empregadores, ficam todos preocupados devido ao seu comportamento inadequado.
O familiar se envergonha e tenta controlar o usuário, assumindo para si as responsabilidades que não lhe cabem, despertando os sentimentos de medo e culpa. Com isto nos tornamos ansiosos, criando um clima de facilitação que, sobre maneira, contribui para a progressividade da doença.
Contudo a adicção não é um caminho sem esperança.
Em nosso desespero procuramos respostas e possivelmente descobriremos, que ao compartilhar com aqueles que têm problemas idênticos, perceberemos que são os nossos próprios pensamentos e atitudes que deverão ser mudados.
No Nar-Anon aprendemos a viver um dia de cada vez; parar de criar expectativa; a lidar com nossos sentimentos; voltar o foco para nós e aplicar nossa energia onde temos algum poder, que é sobre nossa própria vida.

AE - Amor-Exigente

O Amor-Exigente (AE) era um dos setores da Associação Promocional Oração e Trabalho (APOT), fundada por Pe. Haroldo Joseph Rahm, SJ.
Hoje, entretanto, é uma Federação Brasileira (FEBRAE) com centenas de Grupos espalhados por todo o Brasil.
Milhares de famílias com seus jovens e muitas escolas são atendidas, semanalmente, por este trabalho, que é respeitado não só por sua credibilidade, mas também por seus resultados positivos.
Fundado nos Estados Unidos por David e Phyllis York, o movimento foi trazido para o Brasil por Pe. Haroldo Joseph Rahm, SJ, que desde 1978 desenvolve em Campinas um trabalho de Recuperação de Dependência Química, na Fazenda do Senhor Jesus.
O Amor-Exigente, programa de prevenção e orientação contra drogas, também era uma premente necessidade social.
Da falta de recursos financeiros da APOT, de suas múltiplas carências, nasceram os cursos que, de certa forma, ainda hoje subsidiam a obra.
Amando e amparando sempre os excluídos, Pe. Haroldo amplia a abrangência da atuação da APOT com o Programa de Meninos de Rua.
Nesta busca de fé, de esperança, surge o Amor-Exigente.
Em fevereiro de 1984, no aeroporto de Miami, carregado de malas e excesso de peso (material ganho nos USA para a Fazenda do Senhor Jesus), voltando para o Brasil, e como sempre sem dinheiro... Pe. Haroldo recorre a um dos seus amigos para liberar a bagagem. Com a liberação, ganha também um livro, que foi o início de tudo.
Numa sentada, lê o TOUGHLOVE, de Phyllis, David York e Ted Wachtel: é a história de um casal de terapeutas familiares com três filhas, as três envolvidas com drogas.
Mostra a criação de grupos de apoio à família e analisam dez pontos básicos, também chamados princípios que desestruturam e inibem os pais.
A proposta deles aponta o caminho para a solução dos casos de pais e filhos problemáticos.
Encantado e profundamente afinado com esses conceitos, Pe. Haroldo entra em contato com o grupo americano: recebe deles uma doação e todo o incentivo para trabalhar nesta linha.
A tradução do livro Toughlove dá início ao movimento. No começo, difícil e devagar.
Em 1979, num dos Cursos de Relaxamento e Autoconhecimento ministrados por Pe. Haroldo e Drª. Núbia Maciel França, Srª. Mara Sílvia Carvalho de Menezes fica conhecendo Pe. Haroldo e sua obra.
Nessa época, engajou-se em sua equipe e nunca mais se afastou.
Mas foi em 1985, ao perder seu filho mais velho num acidente de carro, que viria assumir o Amor-Exigente.
Seu filho não era um dependente químico, tinha acabado de completar 20 anos, fazia o 2º ano de Medicina e, como todos os filhos, era muito especial.
Ao perdê-lo, Mara Sílvia compreendeu o quanto vale a vida de um jovem e conheceu o sofrimento de quem o perde.
Nesse instante, brotou-lhe, no fundo do coração, uma vontade enorme de ajudar outros jovens... Já conhecia os “meninos” (residentes) da Fazenda do Senhor Jesus e propôs-se a defendê-los, informá-los, chegar em sua vida antes do vício, da dependência, da Aids.
Queria também, ajudar a família, mostrar aos pais que seu filho estava vivo, que, juntos, podiam recomeçar, que não era o fim.
Incentivada e apoiada irrestritamente por Pe. Haroldo, iniciou seu trabalho.
Sua função principal sempre fora a de ser mãe, esposa e dona de casa. Mas, preparou-se com dedicação e determinação visando a um único objetivo: aprender para ajudar.
Acreditando com absoluta convicção de que o Amor-Exigente era o caminho, a voz e a vez da família brasileira dizer Não às Drogas e Sim à Vida, Mara Sílvia adaptou aos Dez Princípios do Livro Toughlove, mais dois princípios para melhor atender à nossa realidade brasileira. Venceu suas limitações e hoje, é considerada como um dos maiores expoentes de Recuperação de Dependentes Químicos e seus Co-Dependentes, no Brasil com reconhecimento internacional.



O Que é o Amor-Exigente ?

O Amor-Exigente – AE é um programa para pais atormentados pelo comportamento inaceitável dos “adolescentes” ou “jovens” e até mesmo adultos que ainda não conseguiram fazer a transição para a idade adulta e são tão dependentes de seus pais como os adolescentes.
O fundamental para o AE é o grupo de apoio pais/comunidade. O grupo de apoio pais/comunidade aproxima os pais desses jovens para que aprendam a olhar para os seus problemas de maneira diferente e gradualmente mudem suas reações diante do comportamento de seus filhos.
O grupo também tenta atingir as escolas, o sistema judiciário, os órgãos governamentais, para que compreendam os propósitos e estratégias do AE e consigam uma abordagem coordenada desse dilema social.
Isso significa colocar de lado suas suposições a respeito de motivos ocultos e razões psicológicas e observar melhor seu filho intolerável.
A dificuldade para se dar este primeiro passo, aparentemente simples, está no fato de que, quando a maioria dos pais já tentou diversas soluções sem muito sucesso e necessitam de ajuda, a fim de determinar qual o comportamento real que devem enfrentar e quais os pequenos passos que podem dar no início.
O AE também é um programa preventivo e corretivo que ajuda os pais a enfrentar o problema de jovens dependentes de álcool e drogas, adotando esforços para que eles mudem de comportamento.
O AE não é uma solução rápida, mas um processo gradual que ajuda os pais a sair da posição e do sentimento de abandono em que se encontram. Através de uma seqüência de pequenos passos os pais fazem com que seu jovem problemático se torne responsável pelas conseqüências de seu comportamento inaceitável.
O Amor-Exigente encoraja a pessoa a agir, em vez de só falar; constrói a cooperação familiar e comunitária; desencoraja a agressividade e a violência.


Para quem é o Amor-Exigente ?


É para todos os que querem prevenir problemas e/ou querem trabalhar por sua Comunidade. A família e a escola devem ter a oportunidade de conhecer o Amor-Exigente.
Entretanto, a maioria das pessoas que procuram o AE são pais em busca de apoio, porque já têm problemas com os filhos. Chegam machucados, sofridos, cheios de medo e pudor... Acabaram de ver confirmadas as suspeitas: seu filho está usando drogas!
Ou então, são pais que já tentaram tudo, e o Amor-Exigente é o último recurso. Seus jovens passaram por um lento processo de desajustes na escola, em casa, na rua e estão chegando a um ponto insustentável. A família inteira está se desestruturando rapidamente. Para esta família, o Amor-Exigente é essencialmente importante.
E nossa proposta é analisar profundamente os doze princípios básicos do AE e estabelecer, a partir deles, uma nova dinâmicas de relacionamento dos familiares com seus entes queridos de comportamento distorcido.


O que são Grupos de Amor-Exigente ?

São grupos de apoio nos quais os próprios membros se ajudam, na tentativa de mudar seus comportamentos e, conseqüentemente, os comportamentos dos seus. São grupos de ação. Não são grupos de falação ou oração.
As reuniões são semanais. Nelas os familares recebem informações, esclarecimentos e são orientados a não aceitarem comportamentos agressivos e violentos. Esta não aceitação acaba desencadeando no outro a decisão de mudar de atitude.
Fixar limites ou metas semanais, com a ajuda e criatividade do grupo, é o que dá coragem e condições aos familiares, para que, passo a passo, eliminem as atitudes inadequadas.
Analisando e refletindo sobre os doze princípios básicos do Amor-Exigente, concluímos que aí estão expressas as principais causas dos desajustes individuais e familiares. Este programa propõe, portanto, a solução para isso. A família analisará os princípios e, a vivenciarem a proposta, uma nova dinâmica atuará no relacionamento entre seus membros.


Amor-Exigente: O que“É” e o que “NÃO É” :

* Somos um grupo de apoio e não grupo terapêutico.

* Somos grupo de apoio a familiares, professores e jovens.

* Lidamos com comportamentos, não com emoções, embora emoções e sentimentos sejam consideradas e respeitadas.

* Não somos conselheiros profissionais.

* Não temos filiação com qualquer grupo religioso ou partido político.

* Não podemos dar a você respostas imediatas para seus problemas; o que podemos fazer é mostrar-lhe que você não está sozinho, que você tem os seus direitos e valores e merece ser tratado com respeito.

* Temos um processo de mudança que você pode usar como guia.

* Não há prescrições (receitas prontas); você faz seus próprios planos e obtém apoio do grupo para seguir adiante com suas decisões.

* O Amor-Exigente não advoga nem apóia abusos físicos ou verbais.

* O Amor-Exigente não advoga nem apóia a exclusão dos filhos. Nós oferecemos aos nossos filhos opções e eles, escolhem o que mais lhe convier.

* O Amor-Exigente é um programa de auto-ajuda eficiente aos pais de jovens desregrados e para os profissionais que trabalham com eles.

* O Amor-Exigente é uma combinação de princípios e ações que, juntos, podem ajudar você a mudar e a retomar o controle de sua família.

* O Amor-Exigente é uma rede de familiares, de professores, de jovens e profissionais trabalhando juntos para promover mudanças nas vidas de seus filhos/alunos que são impossíveis, incorrigíveis, incontroláveis, agitados, física ou verbalmente abusivos, têm problemas na escola ou legais e destroem a família.


Os Doze Princípios

1º) Raízes Culturais.
Os problemas da família são inerentes ao mundo atual.

2º) Os Pais Também São Gente.
Pais e familiares também são gente. Professores também são gente.

3º) Os Recursos São Limitados.
Os recursos materiais e emocionais dos pais e dos professores têm limites.

4º) Pais E Filhos Não São Iguais.
Pais e filhos não são iguais. Professores e alunos não são iguais.

5º) Culpa.
A culpa torna as pessoas indefesas e sem ação. É tempo de parar de se culpar o outro e de começar a agir com novos propósitos.

6º) Comportamento.
O comportamento dos filhos afeta os pais; o comportamento dos pais afeta os filhos; o comportamento dos alunos afeta os professores; o comportamento dos professores afeta os alunos.

7º) Tomada De Atitude.
Tomar atitude ou fechar questão pode precipitar uma crise e gerar um impasse. Portanto, devemos tomá-las em equipe.

8º) A Crise.
Das crises bem administradas surge a possibilidade de mudanças positivas.

9º) Grupo De Apoio.
As famílias precisam dar e receber apoio na comunidade e/ou escola, para que possam mudar sua atitude e a atitude dos filhos/alunos.

10º) Cooperaração.
A essência da Família e da Escola repousa na cooperação, não na convivência. É preciso viver a Cooperação se queremos ensinar Cooperação.

11º) Exigência Ou Disciplina.
A Exigência na Disciplina tem o objetivo de ordenar, organizar nossa vida, a vida de nossa família e da escola.

12º) Amor.
O Amor com respeito, sem egoísmo, sem comodismo deve ser também um amor que exige, orienta e educa.


Os Doze Princípios Éticos

1º) Respeitar a dignidade da pessoa humana.

2º) Manter sigilo em relação a depoimentos e identidade dos participantes do AE. O sigilo somente poderá ser quebrado com autorização expressa do interessado, ou quando houver risco para si ou para terceiros.

3º) Ser fiel, honesto e verdadeiro na vivência e transmissão da proposta do AE.

4º) Respeitar e cumprir o estatuto e o regimento da FEBRAE.

5º) Transmitir os princípios do AE observando as possibilidades de cada integrante.

6º) Relacionar-se fraternalmente e com respeito com os membros coordenadores e grupos de AE.

7º) Agir com respeito e fraternidade no relacionamento com entidades afins.

8º) Manter o caráter de grupo leigo e voluntário.

9º) Notificar a FEBRAE eventuais pronunciamentos incompatíveis com a proposta do AE.

10º) Promover a espiritualidade nos grupos de AE, respeitando a crença de cada um.

11º) Não utilizar grupos de AE para obter vantagens pessoais de qualquer natureza.

12º) Evitar divergências e disputas de poder entre as lideranças dos grupos de AE.

Grupo de Mútua Ajuda Familiar

Há um grande número de grupos de apoio e orientação aos familiares dos dependentes químicos. Todos têm o seu valor, entretanto este Programa de Recuperação “SOBRIEDADE & VIDA”, sugere sempre que os pais e familiares de dependentes químicos que estiveram ou estão em tratamento em Comunidades Terapêuticas, busquem freqüentar o Grupo de Apoio Familiar “AMOR EXIGENTE”, e explica o porque:

a) O fenômeno BIOPSICOSOCIAL e ESPIRITUAL, que se instala no seio da família de um DQ, adoece e desestabiliza essa comunidade. Isto quer dizer que o DQ não fica doente sozinho, ele faz com que a FAMILIA, também adoeça, a isto chamamos: CO-DEPENDÊNCIA.

b) No Grupo de Mútua Ajuda Familiar, além de tomar conhecimento sobre os mais variados tipos de drogas psicoativas e seus efeitos os familiares têm oportunidade de conhecer outras pessoas que convivem com o mesmo problema, aprendendo mutuamente a lidar com os problemas que na maioria das vezes são semelhantes.

c) Os dirigentes ou coordenadores dos grupos de Amor-Exigente são pessoas devidamente preparadas com cursos de capacitação organizados pela FEBRAE – Federação Brasileira de Amor-Exigente, com sede em Campinas – SP, e espalhados por todo o território nacional por setores regionais.

d) Uma coisa que difere o Amor-Exigente dos outros grupos de apoio familiar é que apesar de zelar pela discrição, sigilo e anonimato de seus membros, na maioria das vezes seus adeptos sentem a necessidade de vestir a camisa do grupo e fazer frente a este flagelo social, que é a Farmacodependência.

e) Membros de Amor-Exigente encaram a situação de frente, de cabeça erguida e vão à luta contra o Narcotráfico, promovendo movimentos de prevenção, recuperação e reinserção social, para todos os que sofrem com os malefícios das drogas.

f) Com uma postura Ecumênica, o Amor-Exigente sugere que todos deverão se submeter a um Poder Superior, que em sua concepção é Deus, a quem deverão louvar, exaltar e glorificar acima de tudo, respeitando sempre a crença religiosa de cada um, lembrando sempre que Grupo de Apoio não é Igreja.

Diversidade de Grupos

a) PARA DEPENDENTES QUÍMICOS

* AA – Alcoólicos Anônimos
Especificamente para casos de alcoolismo.

* NA – Narcóticos Anônimos
Trata de dependência múltipla ou cruzada (álcool e/ou drogas)..

* TA – Toxicômanos Anônimos
Drogas em geral.

* FA – Fumantes Anônimos
Dependência da Nicotina -Tabaco (cigarros, cachimbos, charutos, etc.).

* AE'J – Amor-Exigente para Jovens
Dependência múltipla ou cruzada.

* Pastoral da Sobriedade
Grupo de Recuperação Católico, para dependentes químicos cruzados, que visa recuperar seus membros através da Espiritualidade. Trabalham em parte o Programa dos Doze Passos dos outros grupos anônimos, com algumas alterações.


b) OUTRAS DEPENDÊNCIAS:

* N/A - Neuróticos Anônimos
Irmandade formada por homens e mulheres que compartilham suas experiências, fortaleza e esperança para resolverem seus problemas emocionais comuns e dessa forma se reabilitarem da doença mental e emocional.

* DASA – Dependentes de Amor e Sexo Anônimos
Todo tipo de compulsão sexual .

* MADA – Mulheres Que Amam Demais Anônimas
Obsessão possessiva das mulheres por seus amados.

* Vigilantes do Peso
Compulsividade por alimentos. Para pessoas com tendência à obesidade.


c) PARA FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS:

* AL-ANON – Co-Dependentes de Alcoólicos Anônimos

* NAR-ANON – Co-Dependentes de Narcóticos Anônimos

* AE – AMOR EXIGENTE – Co-Dependentes de AE Jovem e NATA.

Pastoral da Sobriedade

A Pastoral da Sobriedade é uma ação da Igreja Católica Apostólica Romana na Prevenção e Recuperação de Dependentes Químicos.
Foi implantada na 36ª. Assembléia Geral da CNBB em 1998, em Itaici, de 22 de abril a 1º. de maio, levando-se em conta que 15% da populão do Brasil tem algum tipo de dependência química.
A Pastoral objetiva atuar na Prevenção, Intervenção, Recuperação, Reinserção do dependente químico junto aos seus familiares e à sociedade, uma vez que estatísticamente cada dependente destrói consigo mais quatro oputras pessoas, co-dependentes que também necessitam de apoio, informação, acompanhamento, sutentação espiritual e redenção.
Objetiva também desenvolver ações integradas com as forças vivas da Igreja e da sociedade através de uma efetiva Atuação Política.
Os Doze Passos
1º. Admitir
2º. Confiar
3º. Entregar
4º. Arrepender-se
5º. Confessar
6º. Renascer
7º. Reparar
8º. Professar a Fé
9º. Orar e Vigiar
10º. Servir
11º. Celebrar
12º. Festejar

NATA - Núcleo de Apoio a Toxicômanos e Alcoólatras

A necessidade de alguns dependentes químicos em ter um acompanhamento pós-tratamento em Comunidades Terapêuticas, fez com que surgisse este novo grupo de mútua ajuda.
Deve-se em parte aos ex-residentes da Comunidade Terapêutica Fazenda do Senhor Jesus, de Campinas – SP., também conhecida como Fazenda do Padre Haroldo, considerada “Fazenda Mãe e Modelo” e, Padre Haroldo um dos pioneiros no tratamento de recuperação de dependência química no Brasil.
A sigla NATA significa “NÚCLEO DE APOIO A TOXICÔMANOS E ALCOÓLATRAS”. Segue também a mesma filosofia dos Doze Passos e Doze Tradições dos grupos co-irmãos AA e NA, não obstante, mediante a profundidade com que são abordados todos os aspectos da recuperação em uma CT, como:
* Reunião de Sentimentos;
* Reunião de Confronto;
* Reunião de Metas
* Laborterapia, e principalmente a
* Espiritualidade, respeitando a crença de cada um, mas lembrando sempre que existe um Poder Superior chamado Deus, que cada um deve prestar culto e louvor, este grupo de ajuda além de Reuniões Temáticas, onde são estudados com profundidade e afinco os Doze Passos e Doze Tradições, outros textos diversos que visem valorizar e promover o ser humano também são empregados.
Uma característica deste grupo que difere dos outros anônimos é que quase sempre são dirigidos por ex-residentes graduados em Comunidades Terapêuticas com um tempo de caminhada que permita dar aos novos membros, “retorno” para suas dificuldades na vivência do programa de recuperação.
O NATA usa uma literatura própria, quase sempre a mesma usada nas Comunidades Terapêuticas.
O livro mais usado é “OS DOZE PASSOS PARA OS CRISTÃOS”, “SOLUÇÃO PARA FARMACODEPENDENTES” e algumas “APOSTILAS” preparadas especialmente para serem usadas em suas reuniões.

NA - Narcóticos Anônimos

Durante a Segunda Guerra Mundial, tanto as Fôrças Aliadas quanto os nazistas visando dar aos seus combatentes meios de inibir a fome, com a distribuição de moderadores de apetite; estancar a dor, com o emprego freqüente e indiscriminado de morfina; e vários outros tipos de drogas psicoativas tanto lícitas quanto ilícitas, transformou numa grande escala aquele bravos heróis em um grande número de homens dependentes destas substâncias psicotrópicas.
O pós-guerra fez com que os jovens dependentes químicos da ocasião procurassem ajuda nos Grupos de Alcoólicos Anônimos por verem o resultado obtido com os alcoólatras.
Por uma questão de linguagem e comportamento, sentiram necessidade de formar o seu próprio grupo, e iniciaram desta forma em 1953, no sul da Califórnia, Estados Unidos, o primeiro grupo de mútua ajuda cognominado “NARCÓTICOS ANÔNIMOS”.
Adotaram os Doze Passos e as Doze Tradições da Irmandade Co-Irmã de Alcoólicos Anônimos, mantendo a mesma filosofia, acrescentando o necessário para os novos tipos de dependências. Assim... O termo “adicto” (palavra greco-romana que significa escravo) foi inserido em sua literatura oficial, generalizando desta forma a multiplicidade de dependências.
Não se sabe com exatidão por quem foi fundada esta irmandade, que vem prestando tão relevantes serviços à humanidade.
Mas a Irmandade cresceu desordenadamente, e logo se espalhou por várias partes dos Estados Unidos.
Ficou evidente desde o início, a necessidade de uma literatura própria, para ajudar a fortalecer a irmandade.
Em 1962, foi publicado o livreto branco, Narcóticos Anônimos.
Mas a irmandade ainda tinha pouca estrutura, e os anos sessenta, foram uns períodos de luta.
O número de membros cresceu rapidamente por um tempo, e em seguida, começou a diminuir. Logo ficou clara a necessidade de um direcionamento mais específico.
NA demonstrou sua maturidade em 1972, quando foi aberto, em Los Angeles, um Escritório Mundial de Serviço (World Service Office – WSO). O WSO trouxe a unidade necessária e um senso de propósito para a Irmandade.
O primeiro grupo de Narcóticos Anônimos do Brasil estabeleceu-se em 1985, no Rio de Janeiro. Existiam porém desde 1976, grupos como o mesmo propósito e que utilizavam a literatura de NA em suas reuniões.
Em 1990, estes grupos se uniram à irmandade mundial de NA.
Existem, hoje, no Brasil, mais de 1200 reuniões semanais e cada vez mais os grupos de NA se espalham pelo território nacional.

AA - Alcoólicos Anônimos

Na década de 20, existia um homem chamado Bill Wilson que ao encerrar sua prestação de serviços à pátria durante a guerra, já bebia.
Vivia com sua esposa Louise que havia perdido um filho enquanto ele estava na guerra, mas com o retorno do marido, ela renovou suas esperanças de uma vida feliz.
Bill consegue um emprego na Bolsa de Valores de NovaYork como corretor, mas não estava contente com aquilo.
Certa noite saiu para mais uma de suas bebedeiras e quando retornou, Louise comunicou-lhe que estava grávida novamente, mas com muito medo de perder o bebê.
Sem se importar com os últimos acontecimentos, ele continuava com suas bebedeiras e, em numa dessas noites Louise passou mal.
O pai dela que não concordava com o relacionamento dos dois foi quem a socorreu e levou para o hospital.
Chegando em casa Bill não encontrou a esposa e descobriu que ela tinha dado entrada num hospital em caráter de urgência.
Do jeito que se encontrava, correu para lá.
Mal, de ressaca, cheirando a álcool.
No hospital uma enfermeira disse-lhe que antes de vê-la, seu sogro queria falar-lhe.
Foi quando Bill tomou uma grande lição de moral.
Ficou arrasado.
Se não fosse o pai, ela teria morrido e para completar, ela não poderia ter mais filhos.
Por mais uma vez ele prometia à sua mulher que aquela teria sido a sua última bebedeira.
Gradativamente foi alcançando sucesso na Bolsa de Valores, e com tal progresso logo-logo já levava praticamente uma vida de rei; porém suas constantes bebedeiras fecharam-lhe a mente, privando-o de perceber pelos olhos da razão que dia-após-dia estava aproximando o seu fundo-de-poço.
Ebby, companheiro de Bill, que já havia parado de beber, preocupava-se também com o amigo. Em uma das muitas festas que freqüentava, Bill acabou perdendo seu sócio nos negócios...
E cada dia ficava mais dependente do álcool e, já aparentando sérios problemas de saúde.
Suas ações, seus negócios começaram a desmoronar e Bill terminou perdendo tudo.
Ficou perdido, começou a andar sem rumo pelas ruas, foi preso e daí veio sua ida para as instituições.
Ebby freqüentava o Grupo de Oxford da Igreja Pentecostal onde usavam os “Cinco Princípios”, também chamado de princípios genéricos.
Esses princípios eram escritos em placas que eram afixadas nas paredes para serem discutidas; enfim, serviam para várias outras coisas.
Ebby fez algumas tentativas para levar Bill para o grupo, mas o amigo com a mente fechada, não aceitava, até que depois de uma internação, Bill começou a entender melhor e, começou finalmente a sua luta com o alcoolismo.
Entrou para o Grupo Oxford e após um determinado tempo de abstenção alcoólica, teve uma recaída e, novamente foi internado em um hospital psiquiátrico.
Abstênio do álcool Bill voltou a trabalhar e assim teve que fazer uma pesquisa para a sua empresa em outra cidade.
Foi para Akron, no Estado de Ohio nos Estados Unidos.
Hospedado em um hotel já há alguns dias, Bill sente-se mal.
Sozinho, nada para fazer, sentindo um vazio, uma impaciência, saudades de Louise, do Grupo de Oxford, de Ebby, veio nele à vontade de beber.
Uma compulsão forte levou-o a andar de um lado para o outro, por um bom espaço de tempo. Com certeza, foi um dos piores momentos de sua vida.
Foi até o bar do hotel, conseguiu algumas moedas, dirigiu-se a uma cabine telefônica, pegou uma lista com o nome de alguns padres e, começou a ligar explicando seu problema.
Dizia aos padres ter necessidade urgente de conversar com outro alcoólatra.
Um desses padres deu-lhe o endereço de um médico que já não clinicava mais por causa de seu alcoolismo, seu nome era Doutor Bob Smith.
Bill vai à casa do Doutor Bob e este o recebe dizendo que lhe daria quinze minutos de seu precioso tempo.
Doutor Bob diz-lhe que muitas outras pessoas já haviam tentado fazer com que ele parasse com o álcool e que todas as tentativas tinham sido em vão.
Foi aí que Bill lhe disse que também era um alcoólatra, e que tinha ido até ele para “pedir ajuda” pois ele estava vivendo um momento difícil (síndrome de abstinência).
Assim, os dois de “mente-aberta” começaram a conversar sobre os problemas com o álcool e, suas conseqüências.
Passaram toda a noite conversando sobre este assunto e perceberam que enquanto “partilhavam com responsabilidade”, suas experiências de vida e expressavam com “honestidade” o sincero desejo de parar de beber, não beberam.
Começaram a se encontrar com mais freqüência partilhando suas dificuldades, descobriram então que a chave para a tão almejada sobriedade era nada mais do que ter “boa-vontade” para "mudar suas maneiras de pensar e agir".
Em novembro de 1934, Bill Wilson parou de beber.
Em maio de 1935, na mesma cidade de Akron, Ohio, a necessidade de Bill falar sobre seu alcoolismo passa a ser uma abordagem a um outro alcoolista que é o Doutor Bob Smith, que para de beber em 10 de junho de 1935.
Assim formou-se um grupo de alcoólatras dentro do Grupo de Oxford, incluindo Bill e Bob, co-fundadores da Irmandade “ALCOÓLICOS ANÔNIMOS”.
Em 1937 os AA’s de NovaYork separam-se do Grupo de Oxford.
Em dezembro de 1938 Bill apresenta os “DOZE PASSOS”.

Os Doze Passos

1º) Admitimos que éramos impotentes, perante o álcool – que tínhamos perdido o domínio sobre nossas vidas.

2º) Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade.

3º) Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que O concebíamos.

4º) Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

5º) Admitimos perante Deus perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.

6°) Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

7º) Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

8º) Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.

9º) Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.

10º) Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.

11º) Procuramos através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade.

12º) Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades.


As Doze Tradições

1ª) Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de AA.

2ª) Somente uma autoridade preside, em última análise, o nosso propósito comum – um Deus amantíssimo, que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.

3ª) Para ser membro do AA, o único requisito é o desejo de parar de beber.

4ª) Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros grupos ou ao AA em seu conjunto.

5ª) Cada grupo é animado por um único propósito primordial – o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre.

6ª) Nenhum grupo do AA deverá jamais sancionar, financiar ou emprestar o nome de AA a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, a fim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem do nosso objetivo primordial.

7ª) Todos os grupos de AA deverão ser absolutamente auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora.

8ª) Os Alcoólicos Anônimos deverão manter-se sempre como não profissionais, embora nossos centros de serviços possam contratar funcionários especializados.

9ª) O AA jamais deverá organizar-se como tal: podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.

10ª) Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias à Irmandade; portanto, o nome de AA jamais deverá aparecer em controvérsias publicas.

11ª) Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes.

12ª) O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

GOx - Grupo Oxford

Em 1860 é fundada uma organização religiosa chamada Oxford.
Esta organização era uma crítica à Igreja da Inglaterra e seu objetivo era o renascimento espiritual da humanidade.
Originalmente chamada de Associação Cristã do I Século, acabou mudando o nome em 1900 para Moral Rearmement.
Este grupo, conhecido como “Grupo de Oxford”, buscava um estilo de vida mais fiel aos ideais cristãos, encontrando-se algumas vezes na semana para ler e comentar a Bíblia e, comprometiam-se reciprocamente a serem “honestos”.
Em 1931, Roland Hazard, banqueiro e ex-Senador, membro de uma família de muitos recursos financeiros de Connecticut, alcoólatra assumido, viajou a Zurique para tratar de seu problema com o Dr. Carl Gustav Jung.
Nos anos seguintes ele ficou sob os cuidados de Jung; teve períodos de melhoria, mas sempre recaiu.
Jung o avisou, em 1934, que sua única esperança era uma experiência espiritual ou religiosa – uma conversão, uma profunda mudança da personalidade.
Seguindo as orientações de Dr. Jung, Roland retorna aos EUA e passa a freqüentar um dos Grupos de Oxford de seu país, e através de seu "sincero desejo de se libertar do alcoolismo, boa-vontade e perseverança", conseguiu parar de beber.
Esse movimento religioso esteve no Brasil a partir dos anos 50 com o nome de Rearmamento Moral e sua figura mais proeminente era o Marechal Juarez Távora.
Os Grupos Oxford queriam modificar o mundo modificando as pessoas, e utilizavam o que consideraram métodos dos primeiros cristãos, para esse fim.

Os “Cinco Princípios” desse grupo eram:
1) Honestidade;
2) Pureza;
3) Amor;
4) Falta de Egocentrismo e,
5) Ministério (fazer o bem desinteressadamente).

Estes Cinco Princípios representam a base do Programa dos Doze Passos.

Grupos de Apoio

Os grupos de apoio são identificados sob três principais formas, cujas ações são de natureza não-profissional:
* A própria família;
* Os amigos;
* Os grupos mútua-ajuda.

1. Família
Embora ao longo das décadas tenha transferido muitas de suas funções originais para novas instituições, a família continua a oferecer o apoio principal ao indivíduo.

2. Amigos
Os amigos também perderam muitas de suas antigas funções, devido ao processo de urbanização, mas eles ainda são mais procurados do que os profissionais quando o indivíduo precisa de uma ajuda para lidar com problemas de vida.

3. Grupo de Mútua Ajuda:
Os grupos de mútua-ajuda têm se multiplicado enormemente nos últimos anos como resultado do chamado "movimento de valorização da pessoa", conjugado com o "movimento de consumidores". As principais características desses grupos de apoio são:
* São organizados pelos próprios indivíduos necessitados e existem separadamente das organizações profissionais de ajuda.
* Seus membros compartilham problemas em comum e/ou são parentes de pessoas que têm problemas em comum.
* Seus membros são considerados iguais entre si; os relacionamentos e interações entre eles se dão em sentido horizontal.

Cemitério

Tanto o alcoólatra quanto o toxicômano constantemente encontram-se em locais de risco como: bocas-de-fumo, bares, botequins, prostíbulos, locais ermos (também chamados de mocós, quebradas, etc.). Arriscam em demasia a sua segurança, podendo morrer prematuramente por uma facada, ou bala perdida,etc.

Clínica Psiquiátrica

O uso e abuso de substâncias psicoativas terminam por levar o usuário à loucura. No Brasil, por não haver convênio para Tratamento Mental, o DQ terá de se tratar a altos custos em Clínicas Particulares ou pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Assim, muitos DQ terminam por serem internados em Clínicas Psiquiátricas Particulares ou Estaduais, recebendo muitas vezes tratamento inadequado.

Cadeia

A maioria dos DQ começam pelas drogas chamadas lícitas, ou seja, drogas que são vendidas em estabelecimentos comerciais e que são consideradas legais, como é o caso do tabaco (cigarro) e do álcool. Por curiosidade, companheirismo, má influência, acaba experimentando a maconha, a cocaína, crack, ou até estimulados pelos traficantes, que aliciam menores para torná-los traficantes também, escravos do próprio vício. O toxicômano é induzido a roubar, matar, traficar, em troca da droga para seu consumo, tornando-se completamente escravizado pela droga. Marginalizado pelas drogas, seu destino é o cárcere.

Dependência Química - Linguagem Popular

Segundo a linguagem de vários grupos de apoio AA (Alcoólicos Anônimos), NA (Narcóticos Anônimos), NATA (Núcleo de Apoio a Toxicômanos e Alcoólatras, etc.) ao Dependente Químico são abertas indubitavelmente três portas: Cadeia, Clínica Psiquiátrica e Cemitério.

Doença Fatal

A morte é algo inevitável para todo ser vivo, inclusive o homem, dependente químico ou não. Todavia, consideramos o “saber morrer”, um gesto de nobreza por parte deste ser dotado de razão, meio pelo qual se distingue dos outros animais. Entretanto o DQ não dá a mínima importância à vida e muito menos se preocupa com a morte. Por isso a morte do alcoólatra ou toxicômano é considerada de triste fatalidade, pois geralmente se dá por cirrose-hepática, overdose, acidente de trânsito, suicídio, homicídio, etc.Raramente toma-se conhecimento de que um adicto tenha morrido de morte natural.

Doença Espiritual

Apesar da OMS (Organização Mundial de Saúde), não fazer nenhuma alusão a este respeito, por dedicar-se somente aos aspectos científicos, muitos homens e mulheres engajados no trabalho de Recuperação de Dependentes Químicos, afirmam categoricamente pela sua experiência tratar-se também do afastamento total de Deus e de suas crenças religiosas.Este programa de recuperação está de pleno acordo com tal filosofia.

Doença Social

É sobre o ponto de vista social que o aspecto reflexivo da doença manifesta-se com maior intensidade; pois o comportamento inadequado do “adicto” reflete diretamente sobre as pessoas e grupos mais próximos.* A família, é a primeira a sofrer os efeitos desta inadequação e adoece junto.* No trabalho e/ou escola, a capacidade produtiva diminui devido aos constantes atrasos, falta de freqüência, falta de interesse e irresponsabilidade; causando demissão, repetência de ano e finalmente o abandono do trabalho e/ou dos estudos.* Em sociedade, suas constantes crises emocionais colocam o indivíduo em permanente conflito social no condomínio, rua, bairro, cidade, etc. Sempre trazendo problemas para os que dele se aproximam.

Doença Psicológica

Fenômeno Psicológico ou Dependência Psíquica é a necessidade mental do indivíduo de receber doses de determinadas substâncias com as quais se habitua, a fim de sentir sensações, efeitos que lhes são agradáveis.A atenção excessiva e centralizada em alguma substância psicoativa, em seus efeitos e/ou em seu uso chama-se obsessão, que por tempo demorado pode levar à loucura; isto é, passa a ter alucinações paranóicas, vendo coisas que não existem.Desequilibrado emocionalmente o dependente desenvolve em si os sentimentos de ressentimento, raiva e medo. É o Triângulo da Auto-Obsessão.Uma pessoa alcoolizada ou drogada é capaz de fazer muitas coisas absurdas, como matar, roubar, brigar e, depois não se lembrar de nada, tendo amnésia ou apagamento, conforme linguagem dos Alcoólicos Anônimos; no início curto e depois, totalmente.* Social:É sobre o ponto de vista social que o aspecto reflexivo da doença manifesta-se com maior intensidade; pois o comportamento inadequado do “adicto” reflete diretamente sobre as pessoas e grupos mais próximos.* A família, é a primeira a sofrer os efeitos desta inadequação e adoece junto.* No trabalho e/ou escola, a capacidade produtiva diminui devido aos constantes atrasos, falta de freqüência, falta de interesse e irresponsabilidade; causando demissão, repetência de ano e finalmente o abandono do trabalho e/ou dos estudos.* Em sociedade, suas constantes crises emocionais colocam o indivíduo em permanente conflito social no condomínio, rua, bairro, cidade, etc. Sempre trazendo problemas para os que dele se aproximam.* Espiritual:Apesar da OMS (Organização Mundial de Saúde), não fazer nenhuma alusão a este respeito, por dedicar-se somente aos aspectos científicos, muitos homens e mulheres engajados no trabalho de Recuperação de Dependentes Químicos, afirmam categoricamente pela sua experiência tratar-se também do afastamento total de Deus e de suas crenças religiosas.Este programa de recuperação está de pleno acordo com tal filosofia.* Fatal:A morte é algo inevitável para todo ser vivo, inclusive o homem, dependente químico ou não. Todavia, consideramos o “saber morrer”, um gesto de nobreza por parte deste ser dotado de razão, meio pelo qual se distingue dos outros animais. Entretanto o DQ não dá a mínima importância à vida e muito menos se preocupa com a morte. Por isso a morte do alcoólatra ou toxicômano é considerada de triste fatalidade, pois geralmente se dá por cirrose-hepática, overdose, acidente de trânsito, suicídio, homicídio, etc.Raramente toma-se conhecimento de que um adicto tenha morrido de morte natural.

Doença Biológica

Fenômeno Biológico ou Dependência Física pode definir como a necessidade orgânica de receber doses de certas substâncias, às quais o organismo se acostuma, cuja supressão causa distúrbios mais ou menos graves, denominados Síndrome de Abstinência.O desejo incontrolável de se usar qualquer tipo de droga, inclusive o álcool chama-se compulsão e, manifesta-se geralmente quando o DQ fala, comenta, vê ou simplesmente lembra de sua droga preferida. Começa então a ter vários tipos de sintomas como: dor de barriga, enjôos, boca amarga, etc.O uso freqüente de substâncias psicoativas cria no organismo a tolerância que faz com que o usuário necessite de doses cada vez maiores para produzir os efeitos experimentados anteriormente.É o aspecto progressivo da doença.

Doença Crônica

Trata-se realmente de uma doença “incurável” mas, “tratável”.A exemplo da diabete que não há cura, mas oferece ao seu portador umas vidas normais, longas apesar da vigilância; a Dependência Química pode também ser tratada, isto é podemos estacionar a doença e, recuperar o indivíduo de sua “adicção” (palavra grega que significa escravidão).Não há hereditariedade genética em “farmacodependência”; pode existir uma “predisposição à dependência” entre filhos de pais alcoólatras, toxicômanos, etc.O Dependente Químico seja ele alcoólatra ou toxicômano não tem culpa de sua doença, mas é o único responsável por sua recuperação.Apenas 10% da população mundial tem predisposição à Dependência Química.

Sobriedade & Vida

No iníco deste blog, no ítem "introdução", vemos que Sobriedade & Vida, é um Programa de Recuperação para Dependentes Químicos, por mim elaborado, depois de vários anos de estudos e, principalmente, depois de experiências diversas, tanto em Comunidades Terapêuticas como em Clínicas Especializadas no tratamento de tais dependências.
Este Programa de Recuperação “Sobriedade & Vida”, define Dependência Química como:
uma doença crônica, que se desenvolve e manifesta-se sob influência de fatores BIOPSICOSOCIAIS e ESPIRITUAIS.

Dependência Química ou Farmacodependência

Existe muita polêmica em torno da definição de Dependência Química, devido ao fato de ainda não se conhecer as causas exatas. Além disso, cada profissão tem a tendência natural de ver o problema de seu ponto de vista.
Segundo um velho ditado: “Quando a única ferramenta que temos é um martelo, todos os problemas parecem pregos”.
É natural que:
* Psicólogos vejam o problema sob o aspecto emocional;
* Médicos, do lado físico;
* Sociólogos pelas relações sociais;
* Religiosos sob o ponto de vista espiritual.
Certo é que todos reconheçam tratar-se de uma doença multifacetada.


Conceitos Diversos:

* É a busca do prazer não importando as conseqüências.

* É a relação que o usuário estabelece com a droga tornando seu uso um hábito impossível de romper sem sofrimento.

* É uma doença incurável, progressiva, reflexiva de término fatal.

* Segundo a OMS, trata-se de uma doença crônica, cujo desenvolvimento e manifestação são influenciados por fatores “biopsicosociais”.

Saúde Social

O mal social que as drogas e o álcool causam às pessoas, somente pode ser comparado aos prejuízos que acarretam à coletividade. Para as pessoas a perspectiva é a degradação física e moral.
Quanto aos prejuízos sociais, eles não se limitam às perdas de ordem material, ao aumento da insegurança e da violência, à deterioração do relacionamento humano.
Na época do colonialismo selvagem, quando os ingleses, pela força das armas, obrigaram o imperador Lin a abrir cinco portos da China, destinados exclusivamente ao comércio do ópio, assim o fizeram por saber que um povo escravo da droga é facilmente dominado e perde, junto com sua dignidade, a capacidade de lutar por seus direitos e de construir o seu futuro.
O aumento do consumo de substâncias psico-ativas no Brasil e no mundo, atingiu níveis assustadores. A Comissão de Narcóticos das Nações Unidas concluiu que está havendo, em todo o mundo, um aumento crescente da produção e do consumo de drogas.
Porém, um dado alentador detectado foi o despertar de muitos países para o problema das drogas, e que os levou à realização de programas preventivos.
De acordo com nosso Ministério da Saúde, o Brasil tem um prejuízo anual de cerca de um bilhão de dólares com o consumo do álcool, do fumo e de outras substâncias psicotrópicas.
Um estudo abrangente do problema do aumento da dependência química aponta para diversas causas: a distribuição de renda iníqua, a crise de valores enfrentada pela sociedade, a desagregação familiar, a falência do sistema escolar, a influência altamente maléfica da mídia, são alguns fatores preponderantes.
Internações na rede do Sistema Único de Saúde (SUS ), doenças decorrentes do uso dessas substâncias, aumento das taxas de homicídios e atos violentos, acidentes de trânsito e de trabalho, desagregação familiar, diminuição da expectativa de vida, absenteísmo e queda da produtividade são alguns dos custos sociais e econômicos da utilização abusiva de substâncias psicoativas.
No Brasil, nos últimos anos, estamos enfrentando um problema dramático: o uso do “crack”, cuja dependência se instala com incrível rapidez e que está associado à criminalidade violenta. O problema é tão mais grave quando observamos sua alta incidência entre crianças e adolescentes.
Trava-se em todo o mundo uma guerra sangrenta: de um dos lados está o narcotráfico, dotado do armamento mais moderno e com enorme poder de corrupção. De outro lado estamos nós, envolvidos em um combate que nos foi imposto.
Há pouco tempo a televisão exibiu para todo o país uma cena estarrecedora: crianças cortadoras de cana, andrajosas e desnutridas vítimas da exploração do trabalho infantil, trocavam seu mísero salário por pedras de “crack”, que um elo da cadeia do narcotráfico diligentemente lhes entregava em pleno canavial.
Aquelas imagens, cuja projeção durou alguns minutos e que provocaram indignação por tempo um pouco maior, mostraram duas características desse comércio infame: sua onipresença e sua absoluta falta de escrúpulos.
Não podemos fugir do problema, nem nos abstermos diante dele. A única opção que temos é enfrentá-lo, pois está em jogo o nosso presente e o nosso futuro. Assim sendo, é com esperança que acreditamos em uma política nacional de controle das drogas, diretamente vinculadas à Presidência da República., que é a “Secretaria Nacional De Política Sobre Drogas” (SENAD), que coordena atualmente o trabalho desenvolvido por todos os órgãos federais e estaduais que se ocupam do problema, atuando em três frentes: repressão ao narcotráfico, prevenção ao uso de drogas e recuperação de dependente.

Saúde Mental

A OMS (Organização Mundial de Saúde) define a Saúde Mental como:

* Capacidade do individuo elevar o sentimento de auto-estima e de propiciar a incorporação de valores construtivos.

* Capacidade de resistir às frustrações e às pressões sociais advindas das situações vivenciais provocadas pelo meio.

* A possibilidade do crescimento do indivíduo em competência pessoal e social.

* Capacidade de reflexão do indivíduo, estimulação e reestruturação de seus valores.


Na área mental, a delimitação entre saúde e enfermidade, bem-estar e mal-estar é muito complexa porque de “poeta, médico e louco todos temos um pouco”.
Com efeito, para considerar que uma pessoa esteja psiquicamente normal, ou seja, sã, devemos examinar em que medida esse “pouco de louco”, isto é, os impulsos irracionais de sua mente não alteram demasiadamente seu psiquismo e até que ponto seus aspectos racionais são capazes de freá-los e controlá-los e, ao mesmo tempo, propiciar o desenvolvimento de suas aptidões.


Breve Histórico – Embora Blenger aponte 1908 como o ano em que se inicia a preocupação com saúde mental, dando como referência a publicação de um livro no qual se orienta como tratar com humanidade os doentes mentais, na verdade essa preocupação é bem anterior a isso.

Retroativamente vamos encontrá-la:

* Na Grécia Antiga, onde as perturbações mentais já eram categorizadas como doenças.

* No século XIII quando são fundados os primeiros hospícios na Europa, que encaram a perturbação mental como doença e não como possessão demoníaca cujo tratamento indicado era o das fogueiras da Inquisição.

* Em 1789, durante a Revolução Francesa, quando Pinel manda arrancar os grilhões que mantinham imobilizados os doentes mentais.

* Em nossos dias a Saúde Mental tem duas datas relevantes:

- 1930, quando são criados nos Estados Unidos os Centros Comunitários de Saúde Mental.
É interessante assinalar que também na década de 30, um médico paulista Dr. Durval Marcondes, com espírito pioneiro criou o Serviço de Higiene Mental, que trabalhava com os princípios de Saúde Mental na rede escolar de São Paulo.

- Governo Kennedy – Em mensagem ao Congresso, o Presidente reconhece como dever do Estado, à preocupação com a Saúde Mental do povo e com o problema bem antes dessa data, pela primeira vez o Presidente de uma Nação reconhecia isso como dever do Estado.